A
residência multiprofissional em Saúde da Família com ênfase na população do
campo é a primeira do Brasil nesta modalidade
09 de agosto de 2015
Pioneira no Brasil, a Residência Multiprofissional
em Saúde da Família com ênfase na população do campo, que está sendo realizada
em Garanhuns, já tem obtido bons resultados. Ao todo, são nove profissionais
que estão atuando nas seguintes especialidades: Enfermagem, Educação Física,
Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição, Psicologia, Serviço
Social e Terapia Ocupacional. Os nove profissionais de saúde estão atuando nas
localidades rurais e quilombolas de Garanhuns: Estivas, Castainho, Estrela e
Tigre. Além de oportunizar uma qualificação profissional aos residentes, a
residência beneficiará a população rural do município, facilitando o acesso
destes aos serviços de saúde.
Os primeiros meses da residência consiste na
territorialização da comunidade. Juntamente aos Agentes Comunitários de Saúde
(ACS’s), os residentes fazem o mapeamento da área, fazendo um diagnóstico da
localidade, identificando as necessidades de cada população. Essa modalidade de
residência faz com que os profissionais se aproximem da rotina das comunidades,
alguns até pelo fato de estarem morando na própria localidade, e isso faz com
que esses residentes tenham essa visão mais ampliada à respeito de todos os aspectos
que possam interferir na saúde da população. O trabalho dos profissionais não
se limita ao atendimento nas unidades de saúde, mas eles atuam em atividades
que envolvem, por exemplo, educação, assistência social, olhando todos os
âmbitos da vida do indivíduo, incluindo o seu trabalho, sua escola e seus
familiares.
Este programa, em Garanhuns, que é o primeiro do
Brasil nesta modalidade, tem o objetivo de superar a invisibilidade e
negligência histórica da saúde da população do campo. “É muito bom para a gente
ter esses profissionais de vários ramos aqui perto. Qualquer necessidade que
temos, é bem melhor de conseguir assistência”, comentou Zumira Izídio,
agricultora, que reside na comunidade quilombola Castainho. A residência supre
o déficit dos serviços de saúde para essas comunidades mais afastadas e, por
eles estarem mais próximos da população, favorece na identificação das
situações de risco, potencializando o atendimento, propondo e implementando a
resolução dos problemas de saúde.
“O que nos faz sair de nossas casas e vir morar
aqui, em uma comunidade, bem diferente do que vivíamos, é um sentimento. Não é
trabalhar por trabalhar, mas por saber que tem pessoas que precisam da gente. É
um trabalho em prol da saúde da população”, afirmou a terapeuta ocupacional,
Fernanda Ferreira. Para a enfermeira Chyrleide Cunha estar inserida na mesma
comunidade é fundamental para criar um vínculo com a população e poder oferecer
o que eles necessidade. “Não é nada que o profissional chega e impõe algo, mas
construímos junto com a população de acordo com o que eles necessitam. Através
de conhecer A história e a cultura dessa comunidade, a gente pode construir
algo junto com eles, para fazer alguma intervenção”, ressaltou a profissional.
De acordo com o secretário de Saúde de Garanhuns,
Alfredo de Góis, essa residência trará um grande avanço para a saúde nas
comunidades que estão recebendo esses profissionais e, por ser a primeira do
Brasil, servirá de modelo para outros municípios do país. “É um privilégio para
nós, poder estar cooperando na realização de um trabalho que é o primeiro do
país. Apesar de fazer pouco tempo que iniciou, nós já temos observado grandes
resultados, até mesmo pelo fedback da população que está sendo beneficiada.
Saber que essas comunidades estão satisfeitas é gratificante para nós”, afirmou
o titular da pasta.
A assistente social que faz parte da residência,
Iris Pontes, comentou sobre a experiência de morar na mesma comunidade onde
está atuando. “Estar morando aqui, quebra qualquer relação de hierarquia entre
profissionais de saúde e população. Essa proximidade nos faz vivenciar os
problemas que essas pessoas vivenciam, e a partir disso, nós podemos saber o
que influencia na vida e saúde dessa população. Essa experiência nos engrandece
não só como profissional, mas é um fortalecimento enquanto ser humano mesmo,
isso garante uma atuação profissional muito mais qualificada, pois a gente
constrói junto com a população como será nossa intervenção nessa comunidade”,
afirmou Íris.
O programa é coordenado pela Universidade de
Pernambuco (UPE) Campus Garanhuns, em parceria com a Secretaria de Saúde de
Garanhuns, com o apoio do Campus Recife, em parceria com o movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Quilombola, Coletivo de Saúde
no Campo, Escola do Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) e Escola
Nacional Florestan Fernandes (ENFF). A formação pretende consolidar a
compreensão dos processos de transformações sociais, comprometidos com a
qualidade de vida dessa população. A residência nessas comunidades será uma
forma de confrontar a desigualdade social, na atenção a saúde.
Informações para a imprensa:
(Secom/PMG)
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